Meninas que voam
Na minha adolescência eu quis ser veterinária. Desde criança brincava de tratar meus bichos de pelúcia. Alimentava cachorros e gatos que encontrava pelas redondezas do meu prédio. Acreditava que se gostava de animais, meu dom era ser veterinária (ok, tudo errado… não é bem por aí, mas aos dezessete anos era o que eu pensava). Entretanto, na hora de escolher o curso e me inscrever no vestibular da Universidade de Brasília, ainda não havia Medicina Veterinária como possibilidade. Eu tinha duas alternativas: ou escolhia outro curso, ou tentaria vestibular em outra cidade, o que, obviamente, acarretaria uma mudança (leia-se “saída da casa de mainha”). Minha mãe me deixou bem livre para escolher, inclusive se fosse necessária uma mudança. Aliás, uma coisa que sempre esteve presente na minha criação e na do meu irmão foi a noção de livre arbítrio e lei de causa e efeito. Você é livre para escolher, mas assuma as consequências de suas escolhas. Pois bem… apegada que sou, escolhi a primeira alternativa e me inscrevi no vestibular para psicologia.
Quando descobri que estava grávida, meus pais me deram total apoio e isso fez toda a diferença para que eu curtisse minha gravidez de forma tranquila. Decidi me casar e eles, mais uma vez, se mostraram ao meu lado, independentemente se concordavam ou não com minha escolha. Abri uma empresa, eles me apoiando. Fechei a empresa. Mais uma vez, eles ao meu lado. Decidi me separar, e eles comigo, dando toda a força para que eu tivesse liberdade de escolha. Quis fazer outra faculdade. Eles apoiaram. Quis ser fotógrafa e adivinhem… Apoio a minhas escolhas. Voei, caí, levantei, caí de novo, várias vezes, mas sempre com a certeza de que tinha uma mão, ou melhor, quatro, pra ajudar a me levantar.
Ela há muito tempo manifestava o sonho de morar em outro país, estudar em outro lugar, conhecer o mundo. Vontade que eu não tive na idade dela. Coragem que eu não precisei na idade dela. Diante de uma oportunidade após concluir o ensino médio, seu sonho se tornou realidade e lá foi ela, bater suas asas em outras terras e estudar inglês em Boston por seis meses. Dá um frio na barriga? Dá! Dá medo? Também. De um monte de coisas… E se ela adoecer? Será que vão tratá-la bem na casa onde vai morar? Andar de metrô sozinha? Será que é perigoso? E se? E se? Acontece que, assim como meus pais me ensinaram o livre arbítrio e estiveram ao meu lado respeitando minhas decisões, chegou a minha hora de apoiá-la em seu sonho e deixá-la ir. Conciliar o coração apertado de mãe com a beleza de ver a filha crescer.
Em seus últimos dias na cidade, fui visitá-la e aproveitar a oportunidade para conhecer Boston. Passei dez dias em Boston e adorei a cidade! No meu blog Tem Laranja na Cozinha faço um relato mais completo do que conheci por lá. Fiquei encantada ao ver a Lu se desenrolar tão bem. Sabia andar pela cidade toda, conheceu um monte de coisa, fez amizades e era muito querida por aqueles que conviveram com ela por esse período. Ela me salvava com o inglês e com os costumes da cidade, e preparou uma programação cheia de lugares legais pra me levar. Que orgulho da minha menina!
Tenho certeza de que foi uma experiência inesquecível e enriquecedora pra Lu, mas pra garantir a memória desse bater de asas, fiz muitas fotos dela na cidade que a acolheu e lhe possibilitou muito aprendizado. Voa, filha. Tô aqui!
Lindo relato e fotos! Acredito que essa é a função dos pais, mostrar que a vida não é fácil, mas nunca cortar as asas e mostrar que estaremos sempre aqui para apoiar e puxar a orelha tbm se necessario!
Juliana, muito obrigada pela visita e comentário!
Pois é… não dá pra gente prender pra vida toda, mas também não dá pra criar sem limites. Liberdade, apoio e puxões de orelha são necessários. 🙂
Beijo!
Amei tudo!
Abigail, que bom que gostou. Fico feliz!!! 🙂
Obrigada pela visita. Volte sempre!
Beijo
Ah, que delícia de relato!! E que fotos! ❤️ Lu tem muita sorte de ter vc ao lado…
Fabi querida, muito obrigada pela visita e pelo comentário! <3
Acho que todas nós temos muita sorte... me sinto uma privilegiada por ser mãe dessa menina que está se tornando uma mulher. Espero que eu tenha conseguido passar bons valores e tenha estimulado sua independência.
Beijo!