Parecia um dia qualquer
O dia 4 de julho tinha tudo pra ser uma segunda qualquer, com um desfecho normal, sem nada de diferente. Tinha combinado de ir ao cinema com a Lu e lá encontraríamos a Rafa e a Pri. Como encontraríamos as meninas, desisti da sessão das 17h e deixei pra ir mais tarde. Pois bem… tava tudo seguindo a programação até que recebo um telefonema, precisamente às 17h57, quando eu estava na saída do trabalho.
Era uma cliente dizendo que sua obstetra tinha autorizado a fotografia do parto. Oba!!!! Fiquei feliz. Ela seguiu dizendo que o parto seria naquele dia mesmo, às 20h, e que ela já seria internada às 18h45. Ui!!! Aí deu aquele frio na barriga. Nem conseguia dirigir direito. Eu tremia que nem vara verde, ainda sem cair a ficha de que em poucas horas passaria por uma das experiências que mais desejava na fotografia: registrar o nascimento de um bebê.
Fui pra casa correndo e tive que ajeitar a logística com a Lu. Na hora de pegar o equipamento eu já tinha em mente que não dava pra levar tudo. Tinha que escolher o equipamento certinho pra não ter problemas na hora. Fiz a opção por duas lentes, sendo que uma delas eu imaginava que não daria pra usar. Peguei uma bolsa menor, fiz uma prece e segui para o hospital. Ainda tremendo!
Cheguei antes da futura mamãe. Ela, acompanhada de sua mãe e de seu marido, parecia estar bem mais tranquila do que eu. Existe nervoso de felicidade? Era o que eu tava sentindo! Enquanto eu não estivesse dentro da sala de cirurgia não ia acreditar no que estava acontecendo. Saquei minha câmera e comecei a fotografar ali mesmo na recepção. A espera, assinatura de papéis, a avó e a madrinha que já estavam lá na torcida. Com a câmera em punho fui me acalmando.
Cada guichê parecia um desafio. A primeira atendente disse que não era permitida a entrada de fotógrafos porque o hospital já conta com uma equipe própria de fotografia e filmagem. Mas depois de saber que a médica havia autorizado, permitiu minha entrada. Segui com os papais até a espera da sala de cirurgia. O próximo passo seria vestir uma roupa própria, esterilizada. A atendente que distribuía as roupas não queria me entregar as peças dizendo que só eram permitidas a um acompanhante por paciente, no caso o pai. Expliquei que eu não era acompanhante e sim profissional que iria fotografar. Expliquei que tinha sido autorizada pela médica. Ela torceu o nariz e me perguntou o nome da médica, como se quisesse me desafiar, o que respondi de pronto. Ufa! Mais uma vitória!!!
Lá fui, toda paramentada, pra onde a mamãe aguardava. Nesse momento eu já estava bem mais tranquila. O pai estava ainda meio passado, como ele mesmo definia, sem acreditar que em instantes estaria com sua pequena nos braços. Ficamos ali conversando, eu fotografando essa espera, até que a obstetra chegou. E com ela o momento de entrarmos na sala de cirurgia. Depois que a mãe foi anestesiada e a sala estava preparada, eu e o pai entramos. Foi tudo muito rápido. E ao mesmo tempo eu via uma vida inteira passar na minha frente. Há quase 13 anos eu estava naquele mesmo hospital, numa mesa de cirurgia, para ganhar a minha filha… o momento mais emocionante da minha vida!
Eu fotografava prestando atenção a cada passo que dava, pra não tocar em nada que fosse da área “intocável”. E eis que nasceu a pequena! Se em casamentos eu consigo conter as lágrimas (às vezes), nesse momento eu as deixei cair à vontade. Era muita emoção! Era uma vida que se revelava na minha frente. Parecia que todo o mistério da natureza estava ali, diante de meus olhos e de meu coração. Era essa a minha sensação.
Fotografei tudo com muito carinho. Os primeiros cuidados com a bebê, sua limpeza, seus primeiros exames, os olhares de seu pai e sua emoção ao tentar acalmar a mocinha de choro forte, o primeiro contato com a mãe, a primeira mamada. Naquele momento me sentia parte da família, ou pelo menos da história daquela criança. Fui uma das primeiras pessoas a vê-la nascer! E fui a pessoa que possibilitou que seus pais guardassem esse momento pra sempre, que essa bebê possa daqui a uns anos ver a história de seu nascimento. Já mensuraram o tamanho da responsabilidade? Então devem ter noção também do quanto foi gratificante pra mim.
A obstetra, um doce de pessoa diga-se de passagem, foi me parabenizar por meu comportamento na sala de cirurgia. Eu nem desmaiei! Acho que consegui cumprir minha meta sem atrapalhar ninguém. Essa era a maior tensão! Uma coisa é você atrapalhar ou esbarrar em alguém na rua… outra coisa é você fazer isso num ambiente tão delicado, podendo trazer consequências irreparáveis.
Quando saí do hospital, algumas horas depois, entrei no carro e tive uma crise de choro. Choro de alegria. E agradeci a Deus por presenciar um de seus milagres… o nascimento de uma criança.
Aos pais, ainda estou sem palavras pra agradecer o quanto devia. Vocês abriram um momento tão íntimo e particular de sua família pra mim. Confiaram no meu talento e no meu trabalho. Muito obrigada mesmo! Guardarei esse dia no meu coração. Eu pensando que estava dando um presente pra vocês e nessa história toda quem ganhou o maior presente fui eu. =)
O trabalho ficou lindo! Fiquei muito satisfeita com o resultado. Entretanto, tive autorização para publicação na internet de apenas de uma foto pra ilustrar o post.
Nesse ano já recebi alguns pedidos de orçamento pra fotografar parto e minha resposta era sempre que eu não me sentia ainda preparada pra assumir um compromisso com um trabalho que nunca tinha feito. Mas agora, mamães, me sinto apta sim a fotografar partos. E digo mais… amei a experiência!
Aninha, querida. Que post mais emocionante. Que relato mais delicado. Estou com os olhos cheios de lágrimas, mas também é de felicidade. Por ver você voar assim. Porque eu torço muito por você, eu admiro você e o seu trabalho. Parabéns pela sua sensibilidade.
Um beijo grande, Ju.
Poxa Popi…estou me derretendo em lágrimas…que lindo, viu? Dá até vontade de ter um filho logo só pra vc fotografar…
Parabéns! Vc merece tudo o que está conquistando!
Beijosss…
Parabéns Ana, é sempre bom viver estas experiencias na área da fotografia . Tenho certeza que ficou lindo! Só pela história que você contou como pela linda foto que ilustra o post! Parabéns! Sucesso!
Ana,
E eu aqui no trabalho com as lágrimas correndo na face.
Um belo e emocionante depoimento sobre esse momento tão especial para todos nós.
Muito obrigado por tudo, mais uma vez.
Cambraia – pai da Mariana
Emocionante demais!!! E essa foto ilustrou muito bem. Parabéns, querida! Só pessoas com sensibilidade conseguem transmitir isso e fotografar com tanto profissionalismo. Bjs!!!
Que lindo!!!! Pena que tivemos uma falha de comunicação no dia que o Pedro nasceu… snifff… Beijos
Ana,
Assim o Direito será apenas mais um Curso Superior finalizado no seu currículo. Parabéns pela foto e pelas belas palavras!
Bjs, Amaury
ai que legal!!! muito lindoo mesmo, eu estive quase pra fotografar um parto, mas o nenem nasceu antes da hora marcada, deu complicacoes e nao deu tempo de me avisarem. Mas ainda sonho com o dia de passar por essa mesma experiencia! Parabens pelo trabalho, gostaria de ver mais fotos, mas essa dos pesinhos ja diz muita coisa e ficou linda!
Nossa… fiquei super emocionada com esse post. Queria ver mais fotosssss.. =)
Parabénsssssss
Que lindo! Eu ainda nao fotografei partos, mas tenho certeza que deve ter sido um marco na sua vida de fotógrafa. Não vejo a hora de ter uma oportunidade assim, tão sublime. Adorei seu trabalho.
Ana,
Já se vão 4 anos que Mari nasceu e que vc esteve lá para registrar.
Mas toda vez que leio o seu relato me emociono. As fotos que vc fez ela já conhece e como gosta! Mais um tempo e ela vai poder ler o seu relato, único, emocionante. E eu aqui de novo com uma cachoeira de lágrimas.
Abraço!
Cambraia