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Foto do escritorAna Paula Batista

Pelos olhos da Mulher Selvagem: fotografias com alma


parede pintada em Pirenópolis

Fotografias Ana Paula Batista


Viajei e levei a mulher selvagem comigo. Queria ter um tempo com ela pra gente interagir, se conhecer melhor. Fomos para Pirenópolis, cidadezinha encantadora em Goiás, pertinho de Brasília.


Eu já tinha ido algumas vezes a Pirenópolis, mas para trabalhar como fotógrafa. Fui, fiz meus trabalhos e voltei pra casa. Tudo muito rápido, sem conseguir curtir muito a cidade, e muito menos fazer fotos para mim.


Dessa vez, entreguei a câmera pra mulher selvagem e deixei que ela fotografasse à vontade, o que chamasse sua atenção, por meio do seu olhar. Fotografias com alma. Com sua alma feminina.


E assim ela fez…



galhos de árvore no céu azul

casa em reforma

máscara de rosto feminino

flores cor de rosa no céu azul

fachada da casa amarela 23

galho retorcido
árvore do cerrado


sombra de folhas no muro

mão tocando o focinho de um cavalo

fachada de uma casa antiga

loja de artesanato

flores coloridas em croche

porta e janelas de casa

folhas em formato de corações

escultura de um mascarado em pirenópolis

bois olhando uma seriema

mão tocando a água

pés em um piso antigo

muro de uma casa

flores em um telhado

detalhe de uma parede descascada

igreja de Pirenópolis e coqueiros

flores do cerrado

detalhe da parede de uma casa antiga

detalhe de espinhos de uma árvore

“Ela é a força da vida-morte-vida; é a incubadora. É a intuição, a vidência, é a que escuta com atenção e tem o coração leal. Ela estimula os humanos a continuarem a ser multilíngues: fluentes no linguajar dos sonhos, da paixão, da poesia. Ela sussurra em sonhos noturnos; ela deixa em seu rastro no terreno da alma da mulher um pêlo grosseiro e pegadas lamacentas. Esses sinais enchem as mulheres de vontade de encontrá-la, libertá-la e amá-la.

Ela é idéias, sentimentos, impulsos e recordações. Ela ficou perdida e esquecida por muito, muito tempo. Ela é a fonte, a luz, a noite, a treva e o amanhecer. Ela é o cheiro da lama boa e a perna traseira da raposa. Os pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que diz, “por aqui, por aqui”.

Ela é quem se enfurece diante da injustiça. Ela é a que gira como uma roda enorme. É a criadora dos ciclos. É à procura dela que saímos de casa. É à procura dela que voltamos para casa. Ela é a raiz estrumada de todas as mulheres. Ela é tudo que nos mantém vivas quando achamos que chegamos ao fim. Ela é a geradora de acordos e idéias pequenas e incipientes. Ela é a mente que nos concebe; nós somos os seus Pensamentos.”

Mulheres que correm com os lobos

Clarissa Pinkola Estés


Quem é essa mulher selvagem? É aquela que vive dentro de mim e dentro de você.

Que tal deixar a sua fotografar também?


*Essas fotografias fizeram parte das minhas sessões de Arteterapia em que minha arteterapeuta e eu exploramos juntas o arquétipo da Mulher Selvagem. A fotografia é um recurso muito poderoso e bastante utilizado no processo arteterapêutico.


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